O conselheiro do Tribunal de Contas do Mato Grosso do Sul, Waldir Neves, recebeu dinheiro para fazer campanha política, em 2006, de uma das empresas do irmão de João Amorim, empresário preso e alvo da Operação Lama Asfáltica. O detalhe é que, anos depois da doação, Amorim acionou Neves para interferir na indicação de um novo conselheiro da Corte de Contas.
Conforme denúncia do Ministério Público Estadual, baseada em informações vindas de um denunciante anônimo, uma interceptação da Polícia Federal, seria a prova da ligação de Neves e o grupo de João Amorim. A gravação ocorreu no âmbito da Operação Lama Asfáltica.
Na denúncia, consta que Amorim ligou para Waldir, para que este acalmasse os ânimos, na disputa por uma vaga de conselheiro da Corte. O problema, à época, era que o ex-deputado, Antonio Carlos Arroyo, do PL, exigia ser nomeado para uma vaga, que iria ser aberta por conta da aposentadoria de José Cabral.
Arroyo, diz a apuração, teria um dossiê em mãos e, supostamente ameaçava, denunciar esquema de fraude em licitações, promovidas pelo grupo de João Amorim. E isso poderia complicar muita gente poderosa.
Sendo assim, narra o denunciante, a tarefa de Neves seria criar um ambiente para acalmar os ânimos do ‘’quase delator’’, Arroyo. O fato de conselheiro Cabral ter pedido a aposentadoria de forma irregular, foi a estratégia encontrada pelo empresário e o então presidente Neves.
A denúncia aponta que o desespero de João Amorim era grande e que ele chegou a procurar outros conselheiros do Tribunal, como Osmar Jerônimo e com o ex-secretário de Obras, Edson Giroto. O megaempresário também procurou o advogado do grupo envolvido na Lama Asfáltica, que é o mesmo que defende Neves em ações do Tribunal de Contas.
Cabral não conseguiu a aposentadoria à época, porque o Conselho do TCE declarou nula a aposentadoria de Cabral, argumentando que ele próprio não poderia conceder a sua aposentadoria, cujo processo estava sob análise do Corregedor da Corte. E isso fez Arroyo pensar que ele não foi indicado porque o outro não saiu, sem saber da costura para que isso ocorresse.
O denunciante ainda lembra que o irmão de João Amorim, Sandro Beal, por meio de sua empresa Gerpav Engenharia Ltda – ME, financiou a campanha de Waldir Neves para deputado federal em 2006, conforme o TRE/MS. Este fato já seria um impedimento para que o conselheiro julgasse qualquer processos de interesse das empresas de Amorim que transitaram na Corte Fiscal.