O conclave realizado na Capela Sistina elegeu, nesta quinta-feira (8), o cardeal Robert Prevost, de 69 anos, como o novo papa da Igreja Católica. O ex-secretário de Estado do Vaticano escolheu o nome Leão XIV, tornando-se o 267º pontífice da história da Igreja.
Prevost era o atual chefe do Dicastério para os Bispos, órgão estratégico que aconselha o papa na nomeação de lideranças eclesiásticas.
Nascido nos Estados Unidos, mas com ampla experiência na América Latina, especialmente no Peru, Prevost é conhecido por sua habilidade diplomática e sua capacidade de construir pontes entre diferentes correntes da Igreja. Sua trajetória é marcada por uma visão moderada e por seu trabalho pastoral em regiões periféricas, o que o aproxima do perfil do papa Francisco. O jornal La Repubblica o definiu como “o menos americano dos americanos”, em referência ao seu estilo discreto e sua moderação.
Antes de chegar ao Vaticano, Prevost atuou como missionário no Peru, onde foi arcebispo emérito de Chiclayo, uma cidade a cerca de 750 quilômetros ao norte de Lima. Posteriormente, foi chamado para assumir uma posição de liderança no governo do Vaticano, onde se destacou como conselheiro próximo do papa Francisco.
A escolha de Leão XIV representa a continuidade da linha reformista iniciada por Francisco, mas com uma abordagem mais diplomática e jurídica, refletida na sólida formação de Prevost em direito canônico. Embora próximo do antigo pontífice, o novo papa é visto como alguém capaz de dialogar com setores mais conservadores da Igreja, que frequentemente criticaram as mudanças promovidas nos últimos anos.
Antes de sua nomeação, Leão XIV destacou a necessidade de uma Igreja adaptada ao presente, mas fiel à sua missão. “Não podemos parar, não podemos retroceder. Temos que ver como o Espírito Santo quer que a Igreja seja hoje e amanhã, porque o mundo de hoje, em que a Igreja vive, não é o mesmo que o mundo de 10 ou 20 anos atrás”, afirmou em entrevista ao Vatican News no mês passado.
A escolha de Prevost é histórica também por ser a primeira vez que um papa com forte conexão com a América Latina e com experiência missionária na região assume o trono de São Pedro. Ele sucede o papa Francisco, que marcou seu pontificado por uma agenda voltada à inclusão social, ao diálogo inter-religioso e à defesa do meio ambiente.
A escolha e o momento
A eleição ocorre em um momento em que a Igreja Católica enfrenta desafios complexos: queda no número de fiéis em regiões tradicionais, crises de abuso sexual envolvendo clérigos, debates sobre o papel das mulheres e a relação com pautas contemporâneas como imigração, clima e inteligência artificial.
O sucessor de Francisco — que morreu em 21 de abril — assume a liderança espiritual de 1,4 bilhão de católicos no mundo e terá como missão conduzir a instituição em meio a um cenário de transformações sociais profundas.
O papa eleito deverá celebrar sua primeira missa solene nos próximos dias, no Vaticano, marcando oficialmente o início de seu pontificado.