Jornal O Globo, Estadão, Folha de S. Paulo e Band se manifestam contra medidas do STF que restringem declarações de Jair Bolsonaro
A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu a divulgação de declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro, mesmo por terceiros, vem gerando forte reação de parte expressiva da grande imprensa brasileira.
Nesta quarta-feira (23), os jornais O Globo e O Estado de S. Paulo publicaram editoriais contundentes contra a medida, classificando-a como indevida, inconstitucional e perigosa para a liberdade de expressão no Brasil.
“Indevido e inoportuno”, afirma O Globo
No editorial publicado em sua página oficial, o jornal O Globo declarou que “proibir entrevista é indevido e inoportuno”, em referência direta à decisão de Moraes que vetou a circulação de falas do ex-presidente nas redes sociais. A publicação aponta que tal decisão não apenas infringe garantias constitucionais, como também fortalece o discurso de vitimização do próprio Bolsonaro.
Estadão: “Um escandaloso caso de censura”
O jornal O Estado de S. Paulo foi ainda mais incisivo. Em seu editorial, classifica a decisão como “um escandaloso caso de censura” e afirma que medidas abusivas como essa apenas agravam a polarização política no país. Para o Estadão, Moraes “agiu de maneira arbitrária” ao impedir que declarações públicas feitas por Bolsonaro em ambiente institucional sejam compartilhadas online, ainda que por outras pessoas.
A análise ressalta que a atitude do ministro do STF acaba municiando o discurso bolsonarista e fragiliza a confiança nas instituições. O texto também relembra casos anteriores de censura judicial e alerta que o combate ao autoritarismo não pode ser feito por meios autoritários.
Folha de S. Paulo e Band também reagem
A Folha de S. Paulo também publicou críticas contundentes à decisão de Moraes, destacando que o STF extrapola sua competência ao interferir preventivamente em manifestações públicas, o que fere o princípio da liberdade de expressão, direito garantido pela Constituição.
A emissora Band, por sua vez, destacou em seu principal telejornal uma reportagem apontando que até mesmo o Congresso dos Estados Unidos, por meio de um comitê da Câmara, criticou as decisões do STF brasileiro, qualificando-as como censura. O canal repercutiu ainda a reação do próprio Supremo à repercussão internacional negativa.
Escalada autoritária preocupa imprensa
Os editoriais conjuntos dos três maiores jornais do país e a cobertura da Band representam um ponto de inflexão na relação da imprensa com o Supremo. A crescente concentração de poder nas mãos de um único ministro, sem mecanismos de freios e contrapesos, passa a ser vista com preocupação por veículos que historicamente defendem a democracia e o equilíbrio entre os Poderes.
A cobertura reforça que, por mais polêmico que seja o conteúdo das falas de figuras públicas como Bolsonaro, o caminho constitucional é o da responsabilização posterior, nunca a censura prévia.








