Prefeitura anuncia obra milionária em rotatória da Euler, mas promessa antiga ainda gera desconfiança

A Prefeitura de Campo Grande anunciou que vai entregar o reordenamento da rotatória entre as avenidas Euler de Azevedo e Tamandaré, no Bairro São Francisco, como presente pelos 127 anos da cidade. A obra, orçada em R$ 2,4 milhões, será realizada em convênio com o Governo do Estado e segue o modelo das rotatórias da Coca-Cola e da Via Park, que passaram por intervenções semelhantes.

Segundo a gestão municipal, o objetivo é acabar com os congestionamentos que se formam diariamente no local, especialmente nos horários de pico, quando o trânsito entre região norte, centro e saída para Rochedo praticamente trava. A promessa é de que a nova estrutura organize melhor o fluxo de veículos e aumente a segurança dos motoristas e pedestres.

Apesar do anúncio, a população recebe a notícia com cautela. Não é a primeira vez que a rotatória da Euler entra em pauta: há pelo menos dez anos motoristas cobram soluções para o caos instalado na região, que cresceu de forma acelerada sem acompanhamento de infraestrutura. Obras pontuais já foram prometidas em gestões anteriores e nunca saíram do papel.

A licitação deve ser lançada nos próximos dias, e a Prefeitura afirma que o prazo de execução será compatível com a entrega prevista para agosto, mês do aniversário da Capital. Especialistas em mobilidade urbana, no entanto, alertam para a pressa em projetos desse porte. O risco, segundo eles, é repetir erros do passado: obras entregues sem planejamento, que resolvem parcialmente o problema, mas não acompanham o crescimento populacional.

Moradores também questionam a prioridade do investimento. Enquanto a rotatória recebe aporte milionário, bairros da periferia continuam sem asfalto, drenagem e iluminação pública adequada. Para muitos, a obra tem mais caráter simbólico — aparecer na vitrine das comemorações do aniversário da cidade — do que efetivamente atender às necessidades urgentes da população.

No campo político, o anúncio soa como mais uma jogada de marketing da prefeita Adriane Lopes, que tenta blindar sua imagem em meio a críticas sobre falta de transparência e de planejamento estratégico para a cidade. O fato é que Campo Grande chega a 127 anos ainda atolada em promessas não cumpridas e obras atrasadas, enquanto a população aguarda que os milhões investidos não se percam em soluções paliativas que apenas maquiam velhos problemas.