A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (7), a segunda fase da Operação Prometeu, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa investigada por ocupar e explorar irregularmente terras da União no Pantanal sul-mato-grossense.
Estrutura do esquema
As investigações apontam que o grupo utilizava uma estratégia em duas etapas:
1. Incêndios e desmatamento controlado: na primeira fase da operação, a PF comprovou que queimadas seriam empregadas como método inicial para viabilizar a ocupação ilegal, desfazendo vegetação e dificultando a fiscalização.
2. Legalização fraudulenta: com a terra já “ocupada”, servidores públicos — especialmente do INCRA e de órgãos municipais — teriam emitido documentos falsos para registrar essas áreas invadidas mediante pagamento.
Sob esse arranjo, o processo de grilagem ganha aparência de legitimidade, dificultando o controle estatal sobre essas terras públicas.
Alvos e medidas judiciais
A Advocacia-Geral da União (AGU) requereu o bloqueio de cerca de R$ 212 milhões do patrimônio dos investigados, e pleiteia uma indenização de até R$ 725 milhões pelos danos causados ao patrimônio público e ao meio ambiente.
Os envolvidos poderão responder por uma série de crimes, entre eles:
Incêndio criminoso
Desmatamento ilegal
Grilagem de terra
Falsidade ideológica
Corrupção (ativa e passiva)
Associação criminosa
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Corumbá (MS) e municípios vizinhos, além de medidas cautelares para resguardar provas e evitar fuga de bens.
Relevância e desafios
A ação reforça a prioridade dada às investigações que envolvem crimes ambientais no Brasil, especialmente em regiões sensíveis como o Pantanal, onde conflitos fundiários, grilagem e desmatamento se entrelaçam de modo complexo.
Porém, a efetividade do combate dependerá:
da capacidade de fiscalização e da rapidez nas ações judiciais para consolidar os bloqueios e apreensões;
da cooperação entre esferas — federal, estadual e municipal — para impedir que atores locais se beneficiem politicamente desses esquemas;
do acompanhamento e proteção das comunidades tradicionais e populações locais que podem sofrer impactos reversos em disputas territoriais.
A Operação Prometeu está em curso, e novas fases ou desdobramentos podem ocorrer conforme avanços nas investigações.








