Campo Grande assume o modelo “cidade-esponja” e entrega soberania urbana ao discurso ambientalista

Em mais um movimento que revela a guinada da gestão pública para um modelo de urbanismo que prioriza teorias verdes em detrimento da robustez concreta, a capital sul-matogrossense Campo Grande acaba de aprovar o conceito internacional de “cidade-esponja”. Aprovado na Câmara Municipal por meio do projeto de lei 11.663/2025, de autoria do vereador Fábio Rocha (União Brasil), o modelo — inspirado nas experiências asiáticas e no arquiteto Kongjian Yu — prevê a adoção de jardins de chuva, telhados verdes, pavimentos drenantes e outras “infraestruturas verdes” que, segundo o discurso oficial, terão por objetivo ampliar a absorção da água da chuva, reduzir alagamentos e melhorar a qualidade ambiental urbana.

Contudo, a operação apresenta riscos à autonomia da cidade, ao fomento de políticas públicas concretas e à eficiência da infraestrutura — elementos bem identificados e que normalmente os governos de esquerda tendem a priorizar sem questionamento. A direita responsável deve agora manter o alerta sobre quem, de fato, executará essas soluções, com quais custos, prazos e de que maneira serão fiscalizadas.

Detalhamento da medida

Segundo dizia a proposta aprovada na Câmara, o município “passa a adotar soluções baseadas na natureza para melhorar a drenagem urbana” — destaque para “áreas permeáveis, jardins de chuva, telhados verdes, pavimentos drenantes” como formas de “absorver, armazenar e filtrar” as águas pluviais.
O texto da lei também estabelece que tais ações poderão envolver parcerias com a iniciativa privada, instituições de ensino e organizações da sociedade civil.

O conceito de “cidade-esponja” — criado por Kongjian Yu — consiste justamente em dar à malha urbana a capacidade de absorver e reter volumes de água, liberando o sistema de drenagem tradicional, reduzindo alagamentos e potencialmente oferecendo reservas hídricas para uso futuro.

No caso de Campo Grande, a justificativa oficial salienta que “quem vive em Campo Grande sabe o quanto a chuva pode causar estragos. A gente vê ruas alagadas, famílias prejudicadas, e isso não pode ser algo normal”.

Críticas e advertências do viés conservador

1. Prioridade orçamentária e execução – Não basta aprovar um modelo bonito no papel: as capitais que se voltam aos “planos verdes” frequentemente vinculan recursos vultosos ao discurso ambiental. Quem garante que haverá execução, com prazos e medições claras? A direita deve exigir planilha de custos, cronograma e responsáveis.

2. Dependência de parcerias privadas e movimentos sociais – A lei prevê que a implementação poderá ocorrer por meio de parcerias com a iniciativa privada e entidades civis. Isso abre portas para lobby de grandes grupos, privatizações disfarçadas ou projetos com benefício reduzido à população.

3. Soberania urbana vs. importação de modelos estrangeiros – Adaptar conceitos internacionais não é intrinsicamente ruim, mas repetir modelos “importados” sem crítica implica risco de aplicar ideias desconectadas da realidade local. Campo Grande tem características próprias — solo, clima, drenagem — que exigem soluções específicas. Há risco de simplesmente seguir modismo “verde” sob argumento de sustentabilidade.

4. Potencial invisibilização das responsabilidades públicas – Quando a execução depende de terceiros, quem fiscaliza? Pode ocorrer que o poder público se exima, argumento “a iniciativa privada vai entregar” e a população fique à mercê de promessas.

5. Foco no real impacto para o cidadão – A medida promete menos alagamentos, mais áreas verdes e melhor qualidade de vida. Mas quantos bairros sofrem historicamente com drenagem insuficiente, concretização de obras, manutenção? São essas perguntas que a direita precisa trazer à tona antes de aplaudir.

Conclusão

A adoção do modelo “cidade-esponja” por Campo Grande representa mais um passo na direção de um urbanismo sustentável em tese — mas no plano da direita séria, responsável e nacionalista cabe a vigilância. Temos que monitorar se:

o cronograma será fielmente cumprido;

os recursos necessários serão alocados de maneira transparente;

os contratos com privados estarão submetidos ao controle público;

a manutenção das infraestruturas será garantida ao longo do tempo;

o impacto real para a população, especialmente nas regiões periféricas, será concreto e não apenas simbólico.