O presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou prestar solidariedade explícita às famílias dos agentes de segurança que tombaram durante a operação mais letal da história do Estado do Rio de Janeiro – uma mensagem retumbante para quem esperava postura firme do governo.
Na manhã seguinte à deflagração da megaoperação nos complexos do Complexo do Alemão e da Complexo da Penha, que deixou entre 64 e mais de 100 mortos, o governo federal optou por discurso técnico, absolutamente ausente de homenagens ou menções às famílias dos quatro policiais mortos – dois civis e dois militares – segundo relato oficial.
Operação letal, resposta controversa
A ação de segurança pública no Rio, alvo de elogios e críticas, ganhou repercussão nacional não apenas pelos resultados – dezenas de mortos, prisões e caos nas comunidades –, mas pela reação política subsequente. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse que Lula ficou “estarrecido” com número de vítimas. Ainda assim, nenhuma declaração pública do presidente foi registrada em apoio direto aos policiais mortos ou às suas famílias.
Parlamentares da oposição rapidamente acusaram o Palácio do Planalto de omissão. Segundo o deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB):
> “Na operação de hoje, o governo federal não forneceu nada, zero: nem inteligência, nem homens.”
“Solidariedade” sem destinatário
Embora o ministro Lewandowski tenha manifestado solidariedade – “minha solidariedade às famílias dos policiais mortos e às famílias dos inocentes que também pereceram” –, o gesto ficou restrito ao entorno técnico e não teve eco visível no discurso presidencial.
Enquanto isso, o governador do RJ, Cláudio Castro, declarou que o Estado “estava sozinho” no enfrentamento às facções, acusando falta de apoio federal. O Ministério da Justiça reagiu afirmando que não recebeu pedido formal para ação federal.
Essa divergência entre discurso local e central expõe, na avaliação de especialistas, falhas na coordenação de segurança e abre lacunas em responsabilidade política.
O que está em jogo
1. Credibilidade — O silêncio do presidente perante a morte de policiais em missão fortalece narrativas de que o governo prioriza agendas distintas da segurança pública e da valorização dos agentes que arriscam a vida.
2. Política de enfrentamento às facções — A operação no Rio reacende o debate sobre o modelo de atuação: confronto massivo ou inteligência e prevenção? Apesar de resultados imediatos, o alto número de mortos levanta críticas severas.
3. Uso eleitoral da tragédia — A operação virou munição política e é acusada de ser explorada nas redes e entre governadores como palanque, conforme post do presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva:
> “Lamentável que governadores, na saga de atacar o presidente Lula, montem palanque sobre os corpos de centenas de mortos.”
Conclusão
O episódio revela que, na prática, o governo federal se coloca como espectador estratégico frente a uma crise de segurança que resultou em baixas fatais entre agentes públicos. O presidente Lula comemora a operação — e simultaneamente ignora o reconhecimento direto às famílias dos policiais mortos. Para o portal Morena News, trata-se de mais um indicador de alinhamento do executivo federal com uma agenda de resultados simbólicos, em detrimento da realidade humana e da valorização de quem veste farda.








