Sem piedade : Paraguai autoriza exército a eliminar facções brasileiras e rótula PCC e CV como grupos terroristas

As Forças Armadas do Paraguai receberam autorização oficial para combater e neutralizar integrantes das facções brasileiras Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV), agora classificadas pelo governo paraguaio como organizações terroristas. A medida foi sancionada pelo presidente Santiago Peña por meio do Decreto nº 4857, um passo inédito na política de segurança do país e um recado direto ao crime organizado que há anos avança sobre o território paraguaio.

O decreto, segundo o Ministério da Defesa, permite o uso de força letal contra criminosos identificados como membros dessas facções, além da prisão imediata e entrega dos capturados à Justiça. O ministro da Defesa, Óscar González, confirmou a decisão em entrevista ao jornal Última Hora, afirmando que a nova legislação autoriza as Forças Armadas a atuar em operações internas de contraterrorismo, um avanço jurídico que rompe com a limitação anterior que impedia militares de intervir em ações de segurança pública.

González enfatizou que o país não ficará mais refém do poder das facções e que as tropas paraguaias estão plenamente equipadas e treinadas para o enfrentamento direto. “Temos capacidade operacional, inteligência ativa e determinação para neutralizar qualquer ameaça terrorista dentro do nosso território”, declarou.

A decisão ocorre em meio ao aumento da influência de facções brasileiras em regiões fronteiriças, especialmente nas áreas de Pedro Juan Caballero e Ciudad del Este — pontos estratégicos para o tráfico de drogas e armas. Segundo autoridades paraguaias, células do PCC e do Comando Vermelho atuam nesses locais há anos, promovendo execuções, tráfico internacional e lavagem de dinheiro, com conexões diretas em presídios brasileiros.

O ministro afirmou ainda que o governo paraguaio intensificará o uso da inteligência militar e tecnológica para rastrear rotas de infiltração e identificar comparsas locais. O tema ganhou urgência após a recente megaoperação policial no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes — incluindo quatro policiais — e mais de 80 prisões, tendo como principal alvo o Comando Vermelho. A ofensiva, a mais letal da história do estado, acendeu o alerta regional sobre o alcance e o poder de fogo das facções brasileiras.

Com a nova medida, o Paraguai se posiciona como o primeiro país da América do Sul a reconhecer oficialmente o PCC e o Comando Vermelho como grupos terroristas, abrindo um precedente jurídico e militar que pode inspirar outras nações vizinhas.

A decisão de Santiago Peña marca um divisor de águas na política de segurança do continente: o combate às facções brasileiras deixa de ser apenas um problema interno do Brasil e passa a ser tratado como uma ameaça transnacional à soberania e à segurança hemisférica.