Na manhã desta quinta-feira (6), o chefe do Executivo de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos), foi afastado do cargo por 180 dias, em decisão judicial atendendo a pedido da Polícia Federal (PF). A medida integra a segunda fase da Operação Copia e Cola, que investiga supostas fraudes em contratos da área da saúde da prefeitura municipal.
Conforme público, a ação resultou também no cumprimento de sete mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão preventiva e no bloqueio de bens de investigados – estimados em aproximadamente R$ 6,5 milhões. O vice-prefeito Fernando Martins da Costa Neto (PSD) assume interinamente o comando da prefeitura.
A investigação mira contratações emergenciais e convênios realizados pela prefeitura, via Organizações Sociais (OSs), para gerir unidades de saúde em Sorocaba. A PF aponta indícios de montagem de documentos, simulação de licitações e reutilização de cláusulas ― daí a denominação «Copia e Cola». Segundo fontes do processo, a Justiça determinou o afastamento de Manga justamente diante da perda de confiança para o exercício da função pública.
Rodrigo Manga divulgou vídeo nas redes sociais afirmando que recebeu nota de afastamento enquanto participava de agenda em Brasília. Ele sustentou que se sente vítima de perseguição política, alegando que estaria sendo “tirado do jogo” por ameaçar interesses de poder.
O afastamento de Manga representa uma ruptura significativa na gestão municipal. Sorocaba, cidade de grande relevância no interior paulista, fica destituída de seu titular no momento em que justamente a saúde pública está sob escrutínio intenso. A substituição temporária pelo vice-prefeito aumentará a pressão sobre a Casa Civil local e a Câmara Municipal para restabelecer credibilidade.
Para os sorocabanos, essa crise chega num momento em que os serviços públicos enfrentam desafios estruturais: falta de insumos, filas em unidades de saúde e reclamações antigas de atendimento. Agora, a administração, além de responder às investigações, terá de dar contas de gestão enquanto se reorganiza internamente.
Politicamente, o episódio reverbera em vários planos:
Para o partido de Manga e seus aliados, surge uma crise de legitimidade que poderá comprometer alianças e candidaturas futuras.
Para a oposição, abre-se a oportunidade de questionar não apenas políticas da atual gestão, mas valores de transparência e responsabilidade no uso de recursos públicos.
No âmbito nacional, o caso alimenta o debate sobre o uso de Organizações Sociais e a fragilidade de mecanismos de fiscalização no setor da saúde — tema sensível para toda agenda da administração pública conservadora, que costuma enfatizar eficiência, moralização e combate à corrupção.
Nos próximos dias, espera-se que:
A prefeitura emita nota oficial detalhando o comando interino e ações de continuidade administrativa.
A PF e o Ministério Público Federal (MPF) avancem na apuração de eventuais envolvimentos de servidores municipais, empreiteiras e lobistas no esquema.
A Câmara Municipal avalie se instaurará processo de impeachment ou cassação do mandato de Manga, diante das graves acusações e da perda de confiança apontada pela Justiça.
A população sorocabana acompanhe com atenção os reflexos sobre os serviços de saúde, exigindo transparência e cura de urgência no sistema.
Em síntese: o afastamento de Rodrigo Manga marca um dobro golpe institucional para a cidade de Sorocaba — por um lado, evidencia o aprofundamento do mal-uso de recursos públicos; por outro, abre caminho para uma recomposição política e administrativa que poderá definir os rumos da cidade nos próximos anos. A sobrevivência de credibilidade dependerá menos de marketing e mais de responsabilidade, clareza e ação concreta.








