Coordenador do PT recebeu $2,6 milhões de empresa da farra do INSS

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentações milionárias suspeitas entre Ricardo Bimbo, coordenador do Setorial Nacional de Tecnologia e Informação do Partido dos Trabalhadores (PT), e a empresa ADS Soluções e Marketing, investigada por envolvimento em um esquema de desvio de recursos de aposentados do INSS. A operação, que vem sendo chamada de “Farra do INSS”, foi revelada pelo portal Metrópoles e reforça os indícios de corrupção em áreas sensíveis da máquina pública.

De acordo com relatórios do Coaf, a ADS transferiu R$ 120 mil para a conta pessoal de Bimbo e outros R$ 8,29 milhões para a empresa Datacore — da qual o petista é sócio. Ao ser questionado, Ricardo Bimbo afirmou não se lembrar dos pagamentos nem do serviço que teria prestado para justificar o recebimento de milhões de reais.

Os relatórios de inteligência enviados à CPMI do INSS apontam que os repasses à pessoa física ocorreram entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024. Além disso, entre agosto de 2023 e julho de 2024, a ADS realizou 22 transferências para a Datacore, totalizando os mesmos R$ 8,29 milhões, dos quais R$ 2,5 milhões foram enviados após Bimbo se tornar sócio formalmente na empresa.

Durante o mesmo período, o petista também pagou um boleto de R$ 10.354,60 ao contador João Muniz Leite, então responsável pelas contas de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha. Muniz Leite foi alvo da Operação Fim da Linha, do Ministério Público de São Paulo, sob suspeita de lavar dinheiro para o PCC. Após ser citado nas investigações, o contador teria deixado de atender o filho do presidente.

Procurado, o contador disse não se lembrar do motivo de ter recebido o valor. O caso levanta novamente o debate sobre as conexões obscuras entre o Partido dos Trabalhadores e esquemas financeiros suspeitos, que seguem sendo revelados por órgãos de controle e investigação.