Calheiros no centro do escândalo: Empresário preso em operação da PF mantinha articulação direta com ministro Renan Filho

A teia de influência política da família Calheiros voltou ao centro das investigações após a prisão em flagrante do empresário Diogo José Andrade Romão, suspeito de comandar um esquema de propina em contratos públicos na prefeitura de Murici. A operação da Polícia Federal ocorreu nesta quarta-feira (12), dentro da sede da administração municipal, comandada por Remi Filho (MDB-AL), primo do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL).

Diogo era o secretário de Finanças do município e, segundo a PF, controlava pagamentos e direcionamentos ligados às obras executadas na cidade. Os agentes encontraram manuscritos que apontam pagamentos de vantagens indevidas e R$ 270 mil em espécie na sala do investigado, reforçando a suspeita de que o esquema abastecia contratos fraudados.

A prisão expõe novamente o entrelaçamento político da família Calheiros em Alagoas. Remi Filho, atual prefeito de Murici, é filho do deputado estadual Remi Calheiros (MDB-AL), irmão do senador e pai de Renan Filho, Renan Calheiros (MDB-AL). A cidade é berço político do clã: Renan Filho nasceu em Murici e já administrou o município antes do primo.

Fora da cidade, Diogo também movimentava recursos expressivos. Através de sua construtora, A R Engenharia, o empresário recebeu R$ 7,5 milhões em emendas parlamentares destinadas pela bancada federal de Alagoas para a construção de um Instituto Federal em Porto de Pedras — município cujo prefeito também é aliado do grupo Calheiros. A PF apura se o fluxo de recursos públicos favorecia o mesmo esquema de vantagens ilícitas identificado em Murici.

A situação ganhou contornos ainda mais sensíveis após a revelação de que Diogo havia se encontrado, em fevereiro deste ano, com o ministro Renan Filho para tratar de obras no estado. O encontro, revelado pelo portal Metrópoles, coloca pressão sobre o Ministério dos Transportes e reforça questionamentos sobre a influência política que permeia contratos e repasses federais em Alagoas.

A PF segue analisando documentos, registros financeiros e movimentações da construtora ligada ao empresário. Novas fases da investigação não estão descartadas e podem atingir outros agentes públicos do entorno político da família Calheiros, que mais uma vez vê seu nome associado a suspeitas de corrupção e manipulação de contratos públicos.