A cena que circulou nesta sexta-feira (14) acendeu um alerta dentro do próprio bolsonarismo: o senador Romário (PL-RJ), integrante do partido que se apresenta como principal força de oposição ao governo Lula, decidiu presentear o ministro do STF Flávio Dino — um dos nomes mais alinhados ao petismo e recém-indicado pelo presidente — com uma camisa do América-RJ.
O gesto, aparentemente inofensivo, ganhou contornos políticos explosivos. Isso porque o mesmo ministro Dino havia acabado de votar para tornar Eduardo Bolsonaro réu por suposta “coação no curso do processo”, numa ofensiva interpretada pela direita como mais um capítulo da perseguição judicial contra conservadores e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Mesmo após o voto contra Eduardo, Dino exibiu nas redes sociais o presente recebido de Romário, afirmando ter recebido a camisa “com alegria”. O simbolismo do gesto, porém, não passou despercebido: enquanto a base conservadora luta contra aquilo que considera abusos do Judiciário, um senador do PL aparece confraternizando com um dos principais expoentes da Corte — e justamente o mais próximo do governo Lula.
Nos bastidores, lideranças da direita reagiram com perplexidade. Para muitos, Romário rompeu a coerência do discurso oposicionista e abriu brecha para questionamentos internos sobre sua real posição no enfrentamento político que marca o país. Em tempos de forte polarização e cerco institucional contra o bolsonarismo, o gesto foi visto como desalinhado, inoportuno e politicamente desastroso.
Enquanto isso, Flávio Dino, cada vez mais fortalecido entre setores da esquerda, segue acumulando protagonismo no STF e ampliando sua influência — agora, com direito até a mimo vindo de dentro do próprio PL.








