A trajetória de Sérgio de Paula, aos 65 anos, chega ao seu capítulo mais alto justamente no momento em que sua experiência técnica e política se tornam mais valiosas para o Estado. O articulador que moldou os rumos de Mato Grosso do Sul nos últimos 40 anos agora assume a missão de julgar, orientar e fiscalizar a aplicação dos recursos públicos no Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS) — e chega à Corte como um dos nomes mais qualificados de sua geração.
Nascido em Andradina (SP) e forjado em décadas de trabalho silencioso, Sérgio construiu reputação rara na política: é respeitado pelos aliados, ouvido por líderes e reconhecido até por adversários pela postura discreta, leal e tecnicamente preparada. Formado em Ciências Contábeis, com MBA em Gestão Pública e duas pós-graduações voltadas ao setor público, ele reúne o perfil exato do conselheiro ideal para o TCE: técnico, experiente e com profundo conhecimento das engrenagens do Estado.
Sua carreira política começou muito antes de qualquer cargo de destaque. Trabalhou em loja de materiais de construção, cresceu profissionalmente no Banco Real — onde permaneceu por 16 anos e chegou a gerente sênior — e ingressou no serviço público pelos caminhos tradicionais, sem atalhos, ocupando funções de responsabilidade crescente.
Foi na política estadual, porém, que se tornou uma peça central. Ao lado do ex-governador Reinaldo Azambuja (PL), participou diretamente da estruturação do grupo político que comandaria MS por duas gestões. Sérgio foi estrategista, operador de confiança e um dos nomes mais influentes na construção de alianças decisivas.
Seu papel na ascensão de Eduardo Riedel é considerado determinante. Foi Sérgio quem abriu portas, costurou apoios e projetou o então empresário ao cenário administrativo, transformando-o em secretário-chave e, anos depois, em governador eleito em 2022. Nos bastidores, seu nome sempre esteve onde as decisões mais importantes eram tomadas — ainda que raramente aparecesse.
Entre 2015 e 2023, comandou a Casa Civil com firmeza e discrição, sendo responsável por articulações que garantiram estabilidade política ao Governo. Depois, liderou o Escritório de Relação Institucional e Política de MS em Brasília, ampliando o diálogo com ministérios, autarquias e lideranças nacionais. Mais recentemente, atuou na Sanesul, novamente em posição estratégica.
A chegada ao TCE é vista como um desfecho natural para quem dedicou a vida a compreender, acompanhar e fiscalizar — de dentro — o funcionamento da máquina pública. Agora, Sérgio troca o papel de articulador pelo de julgador técnico, levando para a corte não apenas preparo acadêmico, mas a vivência de quem conhece cada camada do serviço público estadual.
Em tempos de escassez de quadros realmente preparados, sua indicação simboliza um raro consenso: até entre críticos, prevalece a percepção de que poucas figuras carregam tanta bagagem prática e teórica para assumir o cargo. Para o Morena News, é um movimento que reforça a necessidade de cortes técnicas robustas, independentes e formadas por profissionais que saibam onde estão os gargalos, as fragilidades e as soluções da gestão pública.
A carreira de Sérgio de Paula chega ao Tribunal de Contas com a mesma marca que o acompanhou por décadas: trabalho silencioso, eficiência e capacidade de articulação. Agora, porém, sua influência deixa os bastidores e ganha função institucional — fiscalizar, orientar e julgar. Um novo papel, mas para um nome que sempre soube conduzir, com discrição e firmeza, o destino da política sul-mato-grossense.








