Os primeiros 30 dias de 2022 foram marcados pelas mortes brutais de 5 mulheres em Mato Grosso do Sul. O número já é mais que o dobro comparado com mesmo período em 2021, em que foram registrados 2 feminicídios. Com idades que vão de 15 a 103 anos, elas foram vítimas de companheiros ou pessoas com quem conviviam e apenas um dos autores segue foragido.
A primeira vítima de feminicídio neste ano foi Mariana de Lima Costa, de 29 anos, assassinada pelo marido Jonas Ferreira Rocha, 49 anos, em Anastácio, no dia 15 de janeiro. Mariana tinha reconciliado com o autor do crime dias antes de ser cruelmente assassinada. A Polícia Civil apurou que Jonas matou a esposa com golpes do cabo de um machado.
Após o feminicídio, ele deixou a residência e a mulher só foi encontrada dias depois, morta na cama, após os vizinhos perceberem o cheiro forte que vinha do local. Jonas foi detido e teve a prisão preventiva decretada. Ele já tinha passagens pela polícia, por maus-tratos contra os filhos da vítima, de 13 e 15 anos.
Já na madrugada do dia 16 de janeiro, Paulina Rodrigues, de 103 anos, foi assassinada em Tacuru pelo ex-genro, Cícero Souza, de 91 anos. A curadora da vítima a encontrou morta em casa por volta das 6 horas, após estranhar que a vítima ainda não tinha acordado. Paulina estava na cama e tinha vários ferimentos pelo corpo.
O ex-genro foi preso em flagrante, com manchas de sangue nas roupas e nas unhas e também com arranhões pelo corpo, identificando uma possível luta com a vítima. Ele não quis se pronunciar no interrogatório e teve a prisão preventiva decretada, que cumpre em regime domiciliar.
Rose Paredes, de 39 anos, foi morta a facadas em Bandeirantes por Eduardo Gomes Rodrigues, de 53 anos. Ela estava desaparecida desde o dia 19 de janeiro e o corpo foi encontrado em uma fossa, no dia 22. O autor do crime, que morava com Rose e o marido dela, acabou preso dois dias depois.
A família da vítima relatou que ainda ligou para Eduardo para perguntar sobre o desaparecimento de Rose e ele agiu com frieza, dizendo que “não sabia de nada”. Foi identificado ainda que o criminoso estuprou Rose antes de assassinar a vítima com facadas no rosto. Eduardo também está preso preventivamente.
Em Campo Grande, Francielle Guimarães Alcântara, de 36 anos, foi vítima de tortura e cárcere privado por quase um mês, antes de ser assassinada pelo marido, Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos, que está foragido. O crime foi descoberto após a vítima ser encontrada morta em casa e um laudo médico inicial apontar morte natural.
Os ferimentos no corpo da vítima não eram compatíveis com uma morte natural e foi iniciada investigação. Eram constantes agressões e torturas sofridas pela vítima, que tinha ferimentos por todo corpo, unhas e dentes quebrados, cabelo cortado pelo marido e um ferimento ainda mais grave nas nádegas, que precisavam ser cobertas com bandagens.
A princípio as agressões começaram após Adailton descobrir que Francielle teve um relacionamento extraconjugal, do qual, a princípio, teve um filho que hoje tem 1 ano e 8 meses. O acusado questionava a vítima sobre os motivos da traição e, a cada resposta que tentava dar, Francielle era levada ao quarto e torturada.
O marido ainda tentou simular um suicídio, dizendo ao filho de 17 anos que a mãe tinha tomado medicamentos. Ele saiu da casa após o feminicídio, fato que foi filmado pelas câmeras de segurança. As informações iniciais prestadas pelo adolescente acabaram induzindo ao erro o Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência). O caso segue em investigação.
Vítima mais recente, Caroline de Oliveira Honorato, de apenas 15 anos, foi assassinada por esganadura pelo namorado Lucas da Silva Cordeiro, de 23 anos, que está preso. A jovem estava desaparecida desde a noite de terça-feira (25), quando teria ocorrido o feminicídio. A princípio, a motivação seria ciúmes.
Dois outros homens, de 39 e 60 anos, sendo o primeiro um vizinho que era conhecido da família e viu Caroline crescer, também foram presos pelo crime. Eles teriam ajudado Lucas a ocultar o cadáver da adolescente. Caroline foi morta em uma casa abandonada e teve o corpo levado até um brejo, onde foi encontrado neste sábado (29), já em avançado estado de decomposição.
Violência doméstica: a quem recorrer
Além do telefone 180, Central de Atendimento à Mulher que é o canal para denúncia de violência doméstica, ou mesmo 190 para acionar a Polícia Militar, a vítima pode procurar a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).
Em Campo Grande, fica localizada na Casa da Mulher Brasileira, no Jardim Imá. Nas cidades do interior também há delegacias especializadas, mas toda delegacia deve, ao menos, orientar a vítima. Caso a vítima prefira, pode registrar o caso pela internet.
É possível pelo site da Delegacia Virtual fazer o registro do boletim de ocorrência. Em Mato Grosso do Sul, o programa Não se Cale traz dados e divulgação sobre o enfrentamento da violência contra a mulher.
Informações Midiamax