Em mais um movimento alinhado ao bloco dominado por China e Rússia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender a criação de uma moeda comum para transações comerciais entre os países do BRICS. A proposta, apresentada como forma de “reduzir a dependência do dólar”, vem causando preocupação entre economistas, empresários e diplomatas, que alertam para os riscos de instabilidade cambial, aumento de preços e retaliações internacionais.Em entrevista recente, Lula afirmou que “não quer mexer com o dólar”, mas que “é preciso testar” alternativas. A declaração ocorre no momento em que o Brasil mantém forte dependência de exportações para mercados atrelados à moeda americana e em que a economia nacional ainda luta para controlar a inflação e manter o câmbio estável.Especialistas apontam que uma moeda comum exigiria um nível de integração econômica inexistente no BRICS. O bloco reúne economias de realidades totalmente distintas, sem mecanismos de controle fiscal unificado, nem políticas monetárias coordenadas. Segundo o economista Lesetja Kganyago, do Banco Central da África do Sul, a adoção de uma moeda conjunta exigiria “disciplina macroeconômica e um banco central comum”, algo distante da realidade atual.O risco ao bolso do brasileiro também é apontado por juristas e analistas de mercado. A troca do dólar por uma unidade monetária alternativa poderia gerar desvalorização da moeda nacional, elevação dos preços de produtos importados e instabilidade no comércio exterior. Além disso, a medida pode provocar reações hostis de potências ocidentais. Fontes ligadas a diplomatas norte-americanos já alertaram que os EUA cogitam impor tarifas de até 100% sobre produtos vindos de países do BRICS caso a proposta avance.Para o setor produtivo brasileiro, especialmente o agronegócio, o impacto seria direto: queda na competitividade internacional, encarecimento de insumos e retração nas exportações. O Brasil, maior exportador mundial de soja e carne bovina, tem no dólar um referencial estável para as transações. Substituí-lo por uma moeda experimental pode fragilizar contratos e afastar investidores.Ao insistir nesse projeto, Lula reforça sua aproximação política e econômica com governos autoritários, como o regime comunista de Xi Jinping na China e a gestão de Vladimir Putin na Rússia, distanciando o país de mercados estratégicos e democracias consolidadas. Para críticos, a pauta é mais ideológica do que técnica, e ameaça colocar o Brasil como peça subordinada no xadrez geopolítico global, abrindo mão de vantagens competitivas construídas ao longo de décadas.Enquanto o Palácio do Planalto segue defendendo a “independência” frente ao dólar, os sinais do mercado são claros: mexer na moeda de referência global sem base técnica, estrutura de governança e segurança econômica é brincar com a estabilidade do país. E, como sempre, quem pagará a conta será o povo brasileiro.








