Quiroga alerta: Bolívia exporta mais cocaína que gás pelo Brasil e propõe cooperação inédita com PF

O candidato à Presidência da Bolívia, Jorge “Tuto” Quiroga, acendeu o sinal de alerta ao declarar que o país hoje exporta mais cocaína por meio do Brasil do que gás natural, tradicionalmente a principal riqueza boliviana. A denúncia expõe a fragilidade das fronteiras e a escalada do narcotráfico, que já movimenta cifras bilionárias na região.

Quiroga, que disputará o segundo turno contra Rodrigo Paz no dia 19 de outubro, defendeu uma cooperação direta com a Polícia Federal brasileira. Sua proposta é inédita: abrir escritórios da PF em território boliviano, permitindo uma integração plena no combate ao crime organizado. O candidato argumenta que apenas uma parceria firme com o Brasil pode barrar o avanço das facções que transformaram a Bolívia em rota central do tráfico sul-americano.

Ao criticar os governos do MAS, de Evo Morales e Luis Arce, Quiroga afirmou que o país perdeu protagonismo econômico por negligenciar investimentos no setor energético. O gás, que já sustentou boa parte do orçamento nacional, hoje perde espaço para o narcotráfico, que opera sem barreiras. “O Brasil compra menos gás e recebe mais cocaína. Isso é um absurdo que não podemos tolerar”, declarou.

Na sua plataforma de governo, o ex-presidente boliviano aposta em medidas liberais: abertura comercial com Ásia e Europa, revisão das regras do Mercosul sem aceitar tarifas protecionistas, e um pacote de reformas internas para reativar a economia. O candidato também promete diversificar a matriz produtiva, reduzindo a dependência do gás e criando condições para atrair investimentos estrangeiros.

A denúncia de Quiroga não é apenas um ataque eleitoral, mas um retrato da realidade: enquanto o Brasil segue recebendo a pressão de facções ligadas ao PCC e ao Comando Vermelho, a Bolívia se tornou um corredor livre para a cocaína que alimenta os cartéis internacionais. A proposta de alinhar La Paz à Polícia Federal brasileira representa uma guinada estratégica e aponta para um cenário em que o combate ao narcotráfico poderá se tornar prioridade nas relações bilaterais.

O resultado do segundo turno em outubro decidirá se a Bolívia continuará presa ao modelo estatista e permissivo do MAS ou se buscará uma nova rota de desenvolvimento, apostando em soberania, segurança e integração com o Brasil.