A deflagração da Operação Rejeito nesta quarta-feira (17) expôs mais uma vez a podridão que corrói as estruturas do Estado brasileiro. A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União prenderam Rodrigo de Melo Teixeira, ex-diretor de Polícia Administrativa da PF no governo Lula e atual diretor de Administração e Finanças do Serviço Geológico do Brasil (SGB).
Ele é acusado de integrar uma organização criminosa que teria movimentado cifras bilionárias em fraudes ligadas ao setor mineral.Segundo as investigações, o grupo teria lucrado pelo menos R$ 1,5 bilhão com esquemas de corrupção envolvendo licenças ambientais, exploração irregular de minério em áreas tombadas e pagamento de propinas a servidores. O patrimônio dos investigados, porém, pode ultrapassar R$ 18 bilhões, segundo cálculo da própria CGU.
A Justiça determinou bloqueio de bens e afastamento de dezenas de pessoas.Ao todo, foram cumpridos 79 mandados de busca e apreensão em diferentes estados, além de prisões preventivas contra empresários e servidores ligados ao esquema. Algumas empresas tiveram suas atividades suspensas.Teixeira é apontado como peça-chave do esquema.
Além de usar sua posição para interferir em procedimentos investigativos, teria ligação oculta com mineradoras beneficiadas pelas fraudes. Essa influência dentro da PF e do SGB colocava uma blindagem sobre negócios milionários, escancarando a promiscuidade entre agentes públicos e interesses privados.O impacto político é inevitável: a prisão de um ex-dirigente da PF ligado a Lula levanta questionamentos sobre os critérios de nomeação em cargos estratégicos.
O episódio mina ainda mais a credibilidade de órgãos de controle e fiscalização, mostrando que até mesmo instituições encarregadas de zelar pela lei e pelo patrimônio nacional podem ser cooptadas por esquemas criminosos.Resta agora saber se as investigações alcançarão todos os envolvidos, inclusive empresários que lucraram com as irregularidades e servidores que fecharam os olhos diante da destruição ambiental e social provocada pela mineração predatória.
A Operação Rejeito acende um sinal vermelho: quando o Estado se torna sócio oculto do crime, não é apenas o erário que sofre — é a soberania nacional que fica em risco.








