Em um movimento digno de thriller geopolítico, relatado pela Associated Press e divulgado à imprensa, o governo dos Estados Unidos chegou a planejar uma ação ousada para capturar ou entregar o ditador venezuelano Nicolás Maduro — não por meio de invasão militar — mas utilizando o seu próprio piloto como elo vulnerável da conspiração.
A trama teria se iniciado em abril de 2024, quando um informante se apresentou na embaixada americana em Santo Domingo, República Dominicana, relatando que duas aeronaves oficiais de Maduro estavam no país passando por manutenção no Aeroporto Executivo La Isabela.
Diante desse dado, um agente do Departamento de Segurança Interna dos EUA — identificado como Edwin Lopez — concluiu que rastrear as aeronaves seria uma operação prolongada e arriscada, e optou por apostar em algo mais direto: persuadir o piloto-chefe de Maduro, o coronel da Força Aérea venezuelana Bitner Villegas, a desviar o avião e entregá-lo às autoridades americanas ou aliadas.
Num hangar em Santo Domingo, Lopez mantinha conversa privada com Villegas — o piloto havia sido visto ao lado de Maduro no cockpit em dezembro de 2023, conforme vídeo divulgado pelo próprio regime chavista.
Lopez ofereceu ao coronel uma proposta irresistível: tornar-se multimilionário, obter cidadania americana para si e para a família, e alcançar o status de “herói nacional”, basta desviar a rota do jato presidencial para um destino como Porto Rico, Guantánamo ou República Dominicana.
Villegas chegou a demonstrar interesse — chegou a fornecer seu número de celular para manter contato — e trocou mensagens com o agente por vários meses. Durante as conversas, o Departamento de Justiça dos EUA elevou a recompensa pela captura de Maduro para US$ 50 milhões.
Entretanto, em um momento decisivo, o piloto recuou. Bloqueou o agente, encerrou as tratativas e declarou que “nós, venezuelanos, somos feitos de outro material… A última coisa que somos é traidores.”
A partir daí, o plano americano naufragou. A aeronave retornou à Venezuela, e Villegas apareceu em rede de televisão local, com apoio do regime chavista, reafirmando lealdade ao sistema.
Em termos geopolíticos, a operação representa uma virada ousada na estratégia americana: ao invés de invadir ou bombardear, os EUA optaram por infiltrar, subornar e cooptar — exatamente como em operações de inteligência da Guerra Fria. O objetivo velado: minar o poder do regime chavista de dentro, sem disparar um único tiro.
Para o regime de Maduro, a revelação constrangedora reforça a narrativa de agressão externa: de acordo com o governo venezuelano, os EUA conspiram para derrubar o Presidente e controlar reservas estratégicas de petróleo.
Para os EUA, porém, o episódio mostra frustração e limite: mesmo com uma recompensa colossal, não conseguiram romper o cerco de lealdades que protegem o ditador.
Em Brasília, o episódio serve como alerta: regimes autoritários da América Latina observam atentamente essas manobras de poder externas, e o Brasil pode se encontrar no meio dessa disputa ao alinhar-se ou se afastar dos dois polos — Washington Vs. Caracas.
O que esta operação revela acima de tudo é que a guerra contemporânea não se trava somente nos campos de batalha ou nas sentenças de sanções, mas nos bastidores da lealdade e das traições: um piloto, um hangar, um telefonema clandestino podem abalar toda a estrutura de um regime.
A ação não foi concluída — mas o símbolo permanece: os Estados Unidos demonstraram que pensam morder onde o inimigo menos espera. E o regime de Maduro provou que ainda detém escudos invisíveis fortes o suficiente para resistir.








