Em um ato que beira à conivência, a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) no Senado Federal manteve-se em silêncio e fora da lista de assinaturas que deram origem à Comissão Parlamentar de Inquérito do Crime Organizado, anunciada nesta quinta-feira (29/10) pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil).
O requerimento protocolado em 5 de fevereiro de 2025 precisou de 27 assinaturas, mas terminou com 31 apoiadores — nenhuma delas vinda dos nove senadores do PT.
Romance com o crime organizado ou cálculo político rasteiro?
A CPI do Crime Organizado foi motivada por uma escalada de violência que culminou numa megaoperação policial no Rio de Janeiro — considerada a mais letal da história do Estado — com mais de 60 mortos. O objetivo oficial: mapear a estruturação, expansão e atuação de facções como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) no país.
Mas enquanto o Brasil sangra sob o domínio crescente desses grupos, o PT prefere não colocar sua assinatura no requerimento que poderia revelar os vínculos — diretos ou indiretos — entre partidos, sindicatos, aparelhos estatais e milícias.
O jogo das assinaturas
Listagem oficial mostra que entre os signatários figuram nomes como Sérgio Moro (União Brasil-PR), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Damares Alves (Republicanos-DF), além de integrantes de MDB, PSD, PP e PSDB.
Em contrapartida, a bancada petista — formada por senadores como Humberto Costa (PT-PE), Jaques Wagner (PT-BA), Paulo Paim (PT-RS) e Rogério Carvalho (PT-SE) — não deu um único apoio.
Não assinar significa não estar disposto a investigar um flagelo que atinge o Brasil profundo? Ou apenas gesto de desconfiança política filtrado por interesses partidários, como costumam apontar seus críticos?
Ameaça à soberania e à ordem pública
Enquanto grupos criminosos consolidam impérios de droga, armas, milícias, grilagem e influência política, o silêncio estratégico de uma força política expressiva como o PT soa como omissão grave. A CPI poderia ser o primeiro passo para expor redes que atravessam sistema prisional, poderes públicos estaduais e federais, e partidos que se beneficiam da desordem.
Mas esse passo foi ignorado. E isso, para o Brasil que exige respostas, é sinal de fraqueza moral e falta de compromisso.
Consequências políticas e cíveis
A atitude pode cobrar um preço caro para o PT. Em plena crise de segurança – com mortes, cidades em choque e sistemas públicos ultrapassados – não participar de uma iniciativa que visa investigar facções criminais soa como descompasso com a urgência nacional.
Para o eleitor conservador, patriótico e alinhado à ordem pública, a mensagem é clara: quem não quer investigar o crime organizado está do lado de quem lucra com ele.
O que esperar agora?
A CPI será instalada oficialmente em 4 de novembro, com prazo inicial de 180 dias para conclusão. Ela será composta por 11 titulares e 7 suplentes. Cabe ao bloco majoritário das assinaturas definir os nomes, os rumos, o relator e o foco dos trabalhos.
Resta saber se, dentro do PT, haverá recuo ou se a bancada manterá a postura. E mais: se a comissão terá realmente força para encarar o aparato de inteligência das facções — ou se será apenas espetáculo político.
Conclusão
Nesta hora em que a nação exige reação firme contra o crime organizado, a bancada petista opta pela neutralidade. Ou pior: pela indiferença.
O Brasil clama por ordem, por soberania, por famílias seguras e fronteiras não contaminadas pelo tráfico e pela milícia. Mas para o PT, parece que investigar essas ameaças não faz parte da agenda.
Seja por cálculo político ou conivência direta, o fato é que nada fica em branco — e essa postura será cobrada nas urnas, no país real, onde o cidadão paga com medo, impostos e vidas.








