A cabeleireira Débora Rodrigues, conhecida nacionalmente como “Débora do Batom” após pichar a frase “Perdeu, mané” na estátua da Justiça em frente ao Supremo Tribunal Federal, voltou ao noticiário nesta semana após descumprir a prisão domiciliar imposta pelo ministro Alexandre de Moraes. Condenada a 14 anos de reclusão por participação nos atos de 8 de janeiro, Débora saiu de casa em Paulínia (SP) sem autorização judicial, na noite de segunda-feira (3/11), e foi até um hospital municipal, segundo relatório oficial.
O Núcleo de Monitoramento de Pessoas (NMP) da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo detectou a violação do perímetro eletrônico por volta das 20h38, informando Moraes no mesmo dia. O documento detalha que Débora permaneceu fora da área domiciliar até as 3h07 do dia seguinte (4/11). De acordo com o relatório, a equipe de monitoramento entrou em contato com o marido da ré, que alegou que ela havia passado mal e procurado atendimento médico por causa de uma infecção urinária.
Apesar da justificativa, o ato representa tecnicamente uma quebra das condições impostas pelo Supremo, o que pode agravar a situação jurídica de Débora. O caso reacende o debate sobre a rigidez das decisões de Alexandre de Moraes contra os envolvidos nos protestos de 8 de janeiro — muitos deles réus primários, sem antecedentes criminais e com penas consideradas severas por juristas independentes.
A cabeleireira, que se tornou um símbolo de resistência para parte dos manifestantes de direita, cumpre pena em regime domiciliar desde a decisão que substituiu sua prisão em presídio por monitoramento eletrônico. O episódio de Paulínia agora coloca em xeque sua permanência nesse regime mais brando, já que cabe ao ministro decidir se o ocorrido será tratado como justificável ou como novo descumprimento de ordem judicial.
Débora, segundo aliados, estaria enfrentando problemas de saúde e psicológicos após meses de restrição de liberdade. No entanto, a defesa ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. O episódio reacende críticas ao STF por manter penas e monitoramentos considerados excessivos por parte da população e por juristas que apontam “rigor seletivo” nas decisões envolvendo cidadãos comuns e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Enquanto Moraes avalia o relatório, cresce nas redes o apoio a “Débora do Batom”, que muitos enxergam como vítima de um sistema judicial politizado e punitivo. O episódio, mais uma vez, expõe o fosso entre o Judiciário e os cidadãos que questionam os rumos da Justiça brasileira.








