PF faz busca na casa de ex nora de Presidente Lula e encontra seu filho durante operação

Operação investiga esquema milionário de fraudes em licitações da Educação; presença de Marcos Cláudio na residência surpreende agentes federais e reacende debate sobre influência familiar no poder

A Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira (12) mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Carla Ariane Trindade, ex-nora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Campinas (SP), no âmbito da Operação Coffee Break, que investiga fraudes em contratos públicos de tecnologia e educação envolvendo prefeituras e recursos federais do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).

Durante a execução dos mandados, os agentes federais encontraram Marcos Cláudio Lula da Silva, filho do presidente, na residência de Carla Ariane — o que surpreendeu os investigadores e adicionou nova repercussão política à ação.

Segundo o relatório da PF, Marcos Cláudio estava no local com a ex-esposa, um dos filhos do casal e os pais dela. A abordagem foi descrita como “tranquila e sem intercorrências”, e nenhum material ilícito foi apreendido na presença do filho de Lula.

A operação foi autorizada pela 1ª Vara Federal de Campinas, após meses de investigação sobre possíveis intermediações indevidas e tráfico de influência em contratos firmados por meio de empresas de tecnologia educacional.

Entre os alvos está a empresa Life Tecnologia Educacional, que, segundo a PF e a CGU (Controladoria-Geral da União), teria sido beneficiada em licitações direcionadas para fornecimento de softwares e materiais digitais a prefeituras, com suspeita de pagamentos superfaturados e lobby político junto a gestores municipais.

As investigações apontam que Carla Ariane, mesmo após o fim do relacionamento com o filho de Lula, manteve trânsito político e contatos próximos a ex-integrantes do governo federal, servindo como intermediária em negociações com prefeitos e representantes do FNDE.

A PF rastreia contratos que somam mais de R$ 40 milhões em apenas quatro estados, com suspeitas de repasses indevidos e participação de figuras ligadas ao núcleo político do governo petista.

Apesar de não figurar formalmente como investigado, Marcos Cláudio Lula da Silva passou a ter o nome incluído nos autos como pessoa ouvida no local da busca, o que poderá gerar novas linhas de apuração caso sejam encontradas ligações entre os contratos e pessoas do seu círculo.

Silêncio no Planalto e ruído político

O Palácio do Planalto evitou se pronunciar sobre o caso até o fechamento desta edição, enquanto aliados de Lula tentam minimizar o impacto político da presença do filho do presidente durante a operação.

Nos bastidores, parlamentares da oposição apontaram que o episódio “expõe a promiscuidade entre poder político e negócios privados que marca os governos petistas há décadas”, segundo afirmou um deputado da base conservadora.

Para analistas, o caso reacende o debate sobre a influência familiar dentro do governo e o quanto a estrutura de poder em torno do presidente pode estar contaminada por interesses de aliados e parentes próximos.

Deflagrada pela PF e pela CGU, a Operação Coffee Break é desdobramento de investigações sobre fraudes em licitações e corrupção passiva no uso de verbas federais da Educação.
Foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
O nome da operação faz referência a reuniões informais entre empresários e agentes públicos — muitas vezes durante “coffee breaks” — onde eram definidos os ajustes de contratos antes mesmo das licitações.

A PF informou que as investigações continuam e que novas fases podem ocorrer, especialmente após a análise de dispositivos eletrônicos apreendidos.