A reação mais contundente à prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro veio do líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, que classificou como “psicopatia de alto grau” a postura do ministro Alexandre de Moraes caso se confirme que a detenção se deu pela convocação de Flávio Bolsonaro para uma vigília de oração. A crítica ecoou com força entre os parlamentares da direita, que veem no episódio um novo capítulo de excessos cometidos pelo Judiciário.
Em suas redes sociais, Sóstenes declarou que Bolsonaro “nunca roubou ninguém” e relembrou que ele deixou a Presidência mesmo sob a condução de um TSE “totalmente tendencioso”. Para aliados, a fala reforça a percepção de que o ex-chefe do Executivo se tornou alvo de decisões movidas mais por viés político do que pela estrita legalidade.
O caso acontece pouco mais de dois meses após o julgamento do dia 11 de setembro, quando, por 4 votos a 1, ministros do Supremo Tribunal Federal condenaram Bolsonaro e sete aliados por organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. As penas ultrapassam 20 anos de prisão em regime fechado — 27 anos e 3 meses no caso do ex-presidente.
Apesar das condenações, Bolsonaro e os demais não foram presos imediatamente. Há possibilidade de recursos, e apenas após o esgotamento deles as prisões poderiam ser efetivadas. A defesa do ex-presidente, inclusive, já formalizou pedido para que o cumprimento da pena seja em regime domiciliar, alegando condições físicas “profundamente debilitadas” e risco à integridade do capitão caso seja enviado a um presídio comum.
No mesmo documento, advogados anunciaram que recorrerão ao STF com embargos infringentes, buscando reverter parte da condenação. Nos bastidores, a estratégia é prolongar a disputa jurídica e abrir caminho para questionar excessos na relatoria de Moraes, que já se tornou alvo de críticas nacionais e internacionais por decisões vistas como desproporcionais.
Enquanto isso, o clima político segue tenso. A prisão preventiva reacendeu o debate sobre a atuação do Judiciário e escancarou a divisão no país: de um lado, setores que celebram o endurecimento contra Bolsonaro; de outro, parlamentares e lideranças conservadoras que enxergam perseguição, abuso de autoridade e a corrosão silenciosa das liberdades democráticas.
Para a direita, o recado é claro: se até vigílias de oração se tornam justificativa para encarceramento, o Estado atravessa uma linha perigosa — e o país inteiro sente as consequências.








